A febre dos grandes espaços

Transmongoliano a atravessar as planícies da Mongólia, foto por mattermatters

Nem sempre se explica como se escolhe os destinos, às vezes é-se levado por razões mais materiais: um livro, um filme, um monumento (cada vez menos são monumentos que me levam aos sítios). Mas noutras é algo tão intangível e estereotipado como um “chamamento”, uma vontade que vem de dentro embora sem saber bem de onde, que motivo trás ou por que motivo escolhe esta ocasião e não outra.

Há uns anos fui tomado por uma vontade imensurável de espaços abertos, a frase que se formou na minha cabeça foi “preciso de estar no deserto!”, estar num local sem nada em redor, alimentado pelo mito eventualmente desmistificado que paisagens nuas e desprovidas devida e de formas são mais introspetivas e forçam a olhar mais para dentro que para o que nos rodeia. Ia em busca do vazio e fui parar à Islândia, provavelmente a escolha menos óbvia dada a latitude, mas que com os quilómetros de paisagem despovoada e marcada pelo gelo e fogo e cumpriu brilhantemente o objectivo.

Neste momento só penso em longos trajetos por grandes espaços, só penso em fazer o Transiberiano, ou o Transmongoliano, e atravessar as estepes da Sibéria e da Mongólia e fazer 3000km através da imensidão que não acaba, de senti-los a passar debaixo dos pés e consecutivamente olhar a próxima curva do horizonte, para perceber ao lá chegar que nada muda em relação às anteriores. Tenho vontade de me sentir pequeno e ser sentir-me esmagado simplesmente por estar no meio de nada.

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