Amanhã parto para Ouarzazate, em direcção ao deserto do Sara marroquino, naquilo que será uma das viagens mais atípicas dos últimos tempos. Não pelo exotismo que o destino encerra, os meus últimos destinos também tinhan bastante de exótico, nem tão pouco pelo facto de ser a minha primeira vez num deserto com D grande (e logo no maior do planeta). Será uma viagem atípica porque estará bem mais planeada e delineada do que aquilo que me fui habituando ao longo dos tempos, quem sabe privando-me de alguns imprevistos que até podem amargar o presente mas depois adoçam no regresso; além disso surgiu vinda do nada e quase em cima de o avião partir, retirando o ritual de “beber o destino” que antecede as semanas antes de uma viagem, forçando-me a um rápido snack de informação. Será uma viagem atípica, mas não quer dizer que será pior que as outras.
“Mas porque é que toda a gente quer ir a Seyðisfjörður?”, reagiu a minha anfitriã quando respondi qual seria a minha próxima paragem, “É um lugar que não é assim nada de especial”.
Seyðisfjörður é uma vila piscatória, tal como muitas as outras povoações costeiras da Islândia, que está encaixada no fim de um fiorde, costuma ser uma paragem normal para quem está em viagem à volta da ilha, até porque apenas há uma única estrada o fazer. Para lá chegar há que percorrer uma um planalto, estéril e sem vida como todas as terras altas destas paragens, até que, de repente, a estrada se afunda para serpentear até à pequena vila e um braço de mar encaixado entre duas paredes rochosas surge em todo o seu esplendor; é uma visão tão avassaladora que exactamente neste ponto existe pequeno parque de estacionamento, certamente para evitar que os turistas que invariavelmente param para tirar mais uma foto não perturbem o pouco trânsito desta estreita estrada.
Realmente Seyðisfjörður não é assim tão interessante, mas chegar lá sem dúvida que é!
I took Matador Life‘s challenge and came up with my Travel Resolutions for 2010, but I kept them simple, nothing too fancy nor did I make a list of destinations or places to see:
Write more – My writing habit could be taking of, I think I’m getting more fun at it each day (damn, I forgot my notebook at home), so I should put it to good use throughout the year and in my trips.
Photography trip – go on a trip exclusively dedicated to photography, long or sort but not a regular one day photowalk.
Go outside inside – In the last couple of years I have neglected my region: Portugal (and Spain also, as it’s so near), so I should do something about it this year.
“No próximo ano vamos ter corrida em Nova Iorque, no Rio de Janeiro, em Marselha e, pela primeira vez, numa cidade africana. A Red Bull queria manter uma etapa em Portugal, mas, dada a repercussão da polémica, é possível que venhamos a optar por uma cidade espanhola.”
Imagino que não deve faltar muito até que venham as vozes do costume, desta vez a acusar a Red Bull de ser centralista, sulista e elitista. As mesmas pessoas que em tudo, mesmo em questões técnicas ou económicas, conseguem descobrir a mão escondida do Terreiro do Paço a privar o Norte, ou o Porto (que tanto gosta de falar em nome de todo o Norte), da glória que lhe é devida…
Todo este caso Maité Proença faz-me pensar que às vezes a Internet parece que precisa de um polícia! Que a blogosfera, as redes sociais (Twitter e Facebook incluídos) precisam urgentemente um, mas não para proteger dos utilizadores mais nefastos ou punir os pilantras que causam a ruína das editoras editoras e estúdios de cinema. A Internet parece que precisa de um polícia para algo bem mais simples, para desempenhar aquele papel dos militares da GNR que obrigam os condutores a acelerar quando há um acidente na auto-estrada, para evitar filas e engarrafamento, para o papel dos polícias que desmobilizam os populares sempre que há agitação, que gritam “Vamos desmobilizar. Não há nada para ver”. Por já não há mesmo nada para ver…
A Internet, e as redes sociais em particular, são assim: coisas pequenas podem atingir uma dimensão desmesurada. Não há ninguém que meta água na fervura, não há ninguém que diga “Ora então vamos lá embora que aqui não se passa nada”. É como se houvesse uma multidão continuamente a crescer, primeiro a falar do “acidente”, depois a falar das pessoas que falam do “acidente” (este texto não é excepção) para por fim, provavelmente, ter uma enorme massa humana que já nem sabe bem que “acidente” é esse que tanto se fala.
Este caso vai servir como bom exemplo da viralidade das redes sociais, porque no fundo é apenas um vídeo com dois anos…
PS: Apenas para deixar claro que não quero realmente criar uma Polícia para a Internet.
Quem anda na casa dos trinta, morava na zona de Lisboa nos anos 90 e fã de rock de certeza que ouvia, ou pelo menos conhecia, a Super FM, a rádio de referência para muita gente da minha geração. No meu círculo de amigos quase que havia um culto em torno dela, muito à custa de programas como o Feedback (um programa com o espírito de rádio-pirata todas as noites de sexta para sábado) e a ouvir bandas como Ramp ou Moonspell. Sempre teve uma existência atribulada, começou como rádio pirata: a Rádio 98 (altura em que comecei a ouvir) que entretanto cresceu, acabou por volta de 1994, ressuscitou um ano depois e voltou a acabar, aparentemente pela última, vez em 1998.
Aparentemente porque, vindo do nada, há pouco mais de uma semana a rádio renasceu das cinzas. Mas renasceu das cinzas onze anos depois de ter terminado, e onze anos é muito tempo… Falando por mim, em onze anos mudei bastante, e dizer que os meus gostos musicais estão melhores é ser pretensioso e exagerado, mas pelo menos tornaram-me mais abrangentes; mas lá está, isso não é problema da rádio. Ainda assim tinha curiosidade como iria ser a nova Super FM: se uma nova rádio com o mesmo espírito rock mas que se actualizou e adaptou aos dias de hoje, ou uma rádio que se esqueceu que passaram os tais onze anos para começar exactamente onde tinha acabado? A segunda opção é claramente a mais fácil, pegar num modelo que se conhece e continuá-lo, mas preferiria muito mais a segunda (não sou dado a saudosismos) e quem leia o lema na sua página no Facebook até pode pensar que não há razão para preocupação:
Ser uma rádio diferente, inovadora e com espírito…
Mas após ouvir alguns dias começo a pensar o contrário,de inovação há muito pouco, demasiada música antiga, diria que quase exclusivamente a mesma playlist de há onze anos…
Não tenho nada contra os Alcoolémia, nunca fui fã mas eram uma banda simpática da altura, mas passar esta música nos dias de hoje já soa muito a revivalismo, mas duas vezes no mesmo dia é cheirar a mofo! Há coisas que quando voltam para o baú devem sair ocasionalmente, para recordar um bocadinho e depois guardar, e não estar sempre a revisitar o passado. Alcoolemia, como muitas outras bandas, é uma delas, porque há coisas que têm o seu tempo, a sua época, e essa época já passou, há onze anos ou até mais.
Ainda é cedo, e ainda poderá mudar muita coisa, mas para já a nova Super FM está a tornar-se naquilo que mais temia: uma Rádio Nostalgia para trintões rockeiros, e como já disse, não sou muito dado a nostalgias, até porque se há coisa que adoro é querer sempre “limpar os ouvidos” com música nova. Para já até é engraçado sintonizar a rádio, mas quando passar aquela “tesão do mijo” de recordar os velhos tempos, algo que já está a começar a acontecer, tenho a impressão que a frequência vai ficar esquecida numa das últimas memórias do meu auto-rádio.
Seja como for é tirar a prova dos nove e sintonizar 104.8MHz em Lisboa ou ir a superfm.com, que tem emissão online, a par da presença em redes sociais, uma das poucas inovações desta nova encarnação da rádio.